Xadrez e a Diversidade (1) - Jornal O Guaíra


Nos últimos dias, na preparação para representar Guaíra nos próximos Jogos Regionais, recebi um livro antigo (de 1972!) e quase não comentado sobre "As regras enxadrísticas do Supermatador" de Frederico Carlos Igel, que questiona como os Grandes Mestres analisavam até ali as suas partidas e trazia uma nova abordagem de análise estratégica do xadrez. Um fato curioso que me fez chegar até este livro, foi que em uma entrevista com Luciano Fier, pai do Grande Mestre brasileiro Alexandr Fier, ele mencionou que foi um dos primeiros livros que o "Alexandre" estudou (Xadrez Explicado comRafael Leitão).

Na conclusão desse método de análise, o autor faz uma correlação interessantíssima sobre o que são as diagonais para as Torres* e o que são as verticais e horizontais para os Bispos*, o que são as casas pretas para o bispo que se movimenta apenas nas casas brancas, e vice-versa, que me causou a reflexão da necessidade de relação mútua das peças para a realização de um objetivo, um plano ou um ideal.

*Como a Torre e o Bispo se movimentam:

Para que os objetivos de uma partida de xadrez sejam alcançados, a consecução de uma estratégia, um determinado plano ou a vitória, o maior objetivo na partida, suas peças precisam ter sinergia ou harmonia para que juntas materializem o que se encontra dentro da mente do jogador. Geralmente uma peça em sua solitude e deficiências é insuficiente para destoar no tabuleiro, sendo que ao serem somadas, cada qual com a sua característica marcante e potência, podem resultar em grandes feitos no tabuleiro.

Assim deveria caminhar a sociedade fora dos tabuleiros, somos um emaranhado de pessoas com dificuldades, fraquezas e limitações, mas também temos aspectos positivos, que devem ser potencializados não para sermos destaques ou melhor que os outros, mas de uma forma que seja possível conviver em um ambiente onde todos possam contribuir com o seu melhor, afinal, cada ponto de luz (vida; pessoa) é único, não possuem os mesmos hábitos ou toma decisões da mesma maneira, mas o compartilhamento de ideias sadias (divergentes ou não)  podem transformar algo MEU ou SEU, em NOSSO e se desenvolver de forma positiva para mais pessoas, cada qual compartilhando com a sua experiência, potencialidades e, porque não, suas fragilidades.

Agora vejamos aqui... se no tabuleiro as peças precisam de harmonia para chegar a um resultado positivo, fora do tabuleiro tem que haver espaço para todas as pessoas conviverem adequadamente, independendo a sua crença, seu gênero ou identidade e sua classe social, e que esses laços lastreados por bom senso nas mais diversas questões possam dar Xeque-Mate na discriminação, intolerância e no preconceito. 

CONSELHO DO DIA: "Come primeiro, quem chega primeiro", este conselho de Ludek Pachman vem para auxiliar na estratégia de uma partida com roque em lados opostos, Igel (no livro "As Regras Enxadrísticas do Super-Matador") menciona que ganha o jogador que conseguir, primeiramente, quebrar a defesa do adversário. 

EXERCÍCIO #008): Esta posição foi tirada da chamada "Partida do Século". Bobby Fischer com apenas 13 anos enfrentara Donald Byrne, um dos fortes jogadores americano da época (1956).

Nesta posição, jogam as pretas:

Resposta:

Publicado no Jornal O Guaíra - 10/07/2022

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