Desde os tempos de Wilhelm Steinitz (o 1.º Campeão Mundial) a disputa pelo título mundial passou por inúmeros formatos de disputa, tenha sido ele por um match entre dois jogadores que ficaria com o título ao conquistar 10 vitórias sem limite de partidas, em um match de 10 partidas e que em caso de empate em 5 a 5 o atual campeão conservaria o título, como em 1948 que houve a disputa entre cinco jogadores pela coroa ou como em 2005, em San Luis (Argentina), e em 2007, na Cidade do México (México), onde oito jogadores disputaram o título de reunificação do título mundial que havia sofrido uma cisão entre as forças do xadrez.
Somente
em 2013, a Federação Internacional de Xadrez conseguiu organizar um ciclo de
quase três anos em um formato de circuito classificatório para o Torneio de
Candidatos com oito participantes, onde o melhor dentre eles desafiaria o
Campeão Mundial, justamente em 2013, Vishy Anand, passou a coroa para Magnus
Carlsen que o detém até os dias de hoje.
Daí
vocês podem estar se perguntando: “Mas porque raios a gente tá falando sobre
Campeões Mundiais de Xadrez?”
Acalmem-se
pequenos e grandes gafanhotos... primeiramente, porque o estudo dos clássicos faz
com que você consiga compreender a evolução do xadrez, de onde vem as
principais tendências e influências da época, além de conhecer quem foram os
melhores em uma determinada fase do jogo, as batalhas psicológicas e tantos
outros atributos que a análise de partidas clássicas nos traz. Ai que eu lhes
digo, não conhecer ou ignorar as disputas pelos títulos mundiais é deixar de lado
toda a história de tantos enxadristas absurdamente incríveis jogadores da nobre
arte caissana.
E,
em segundo lugar, porque hoje, dia 24 de novembro, iniciará a disputa do título
mundial entre Magnus Carlsen e Ian Nepomnichtchi, em Dubai, nos Emirados
Árabes. Teremos fuego en el tablero!
A
disputa será em 14 partidas no ritmo clássico, quem fizer 7,5 fica com o título,
mas em caso de empate em 7 a 7, vai para uma disputa de 4 partidas rápidas e,
se persistir o empate, tem dois mini matchs de partidas blitz de 2 partidas
cada, que, se ainda ocasionar em um resultado igual, uma partida “armagedon” ou
de “morte súbita” onde o jogador com as peças brancas jogará com 6 minutos no
relógio, mas jogam apenas pela vitória, enquanto o condutor das peças pretas
recebe 5 minutos no relógio, mas pode empatar a partida que fica com o título.
Um
detalhe interessante, que em nenhuma das partidas é proibido empatar por comum
acordo antes do 30º lance, caso haja repetição de diagrama antes do lance 30,
este deverá ser feito ao árbitro da partida.
Será
possível acompanhar as partidas nos principais sites: chess.com, chess24.com,
lichess.com, além dos seus respectivos canais no youtube, com transmissão
em tempo real e comentários de diversos grandes mestres de todo o mundo.
Perfil
dos jogadores:
Magnus
Carlsen (Noruega): se
tornou Grande Mestre aos 13 anos, e, como já dito, além de ser o Campeão
Mundial desde 2013, é o n.º 1 do ranking mundial da FIDE desde 2011, onde
conquistou em 2014 o maior rating FIDE já registrado, 2882. Em 2014 e 2019, o
norueguês detinha dos títulos de campeão mundial no Xadrez Clássico, Rápido e
Blitz. Atualmente com 30 anos, defende pela terceira vez o título de maioral do
xadrez (após vencer Anand em 2013, defendeu o título contra Sergey Karjakin e
Fabiano Caruana).
Ian
Nepomniachtchi (Russia):
grande destaque nos torneios juvenis, Nepo, como é conhecido, venceu em 2002 o
Mundial Junior ficando à frente de ninguém menos que Magnus Carlsen. O russo se
tornou Grande Mestre em 2007, com 17 anos, logo após em 2010 venceu o seu
primeiro campeonato russo, feito repetido em 2020. Também com 30 anos Nepo, que
ocupa a 4ª colocado no ranking da FIDE, chega pela primeira vez a uma disputa
de título mundial absoluto.
Ambos
tiveram momentos interessantes em 2020 em partidas online com um Grande Mestre
Brasileiro, o catanduvense Luis Paulo Supi (2572). O jovem brasileiro realizou
o seu prêmio de beleza, a sua imortal, justamente contra o Campeão Mundial
Magnus Carlsen, veja só você:
Supi-Carlsen (2020): 18. Dc6!!
Já
com Nepo não foi tão bacana, tendo em vista que o GM Russo teve a pachorra, a
audácia, de sugestionar que o brasileiro utilizou de recursos não apropriados
(utilização de computador) para fazer excelentes partidas, mas tudo já foi superado
entre o russo e o brazuca.
Mas
sem entrarmos em polêmicas e retornando ao nosso tema maior, tenho a percepção
que o Xadrez continua melhor representado tendo Magnus Carlsen como detentor da
Coroa, então acredito na sua vitória ainda nas partidas clássicas, sem a
necessidade de ir para os desempates. E você, o que acha?
Faço
um agradecimento enorme aos amigos e novos amigos que mandaram os seus feedbacks
de grande importância para continuidade dessa coluna e, mais uma vez, para quem
quiser entrar em contato com críticas, sugestões ou dar apenas uns pitacos só
me encontrar nas redes sociais ou pelo e-mail: rafaellfavarin@gmail.com.
Por
fim, espero que todos fiquem atentos ao “Conselho do Dia”, que será de extrema
importância para converter partidas nos finais e para curtir o meio de semana e
início do Mundial, o “Exercício #002”!
CONSELHO
DO DIA: A Torre é uma
peça que exerce todo o seu potencial mesmo distante, especialmente nos finais iguais
em quantidade de material, entretanto, a “Torre ativa” possui vantagem sobre a “Torre
passiva”.
EXERCÍCIO
#002) Pretas jogam e xeque-mate
em 2 lances:
Publicado no Jornal O Guaíra - 24/11/2021
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